Foram estas muitas das perguntas com que me deparei antes a realização deste artigo.
Mas pensando um pouco concluí qual seria a fotografia que gostava de ter exposta na minha sala, uma foto que me marcou desde que a vi e me diz muito, apesar de muito antiga, e relativa a uma época que não vivi.
Janis Joplin, a voz. Uma voz sem idade que viveu poucos anos, e marcou gerações. Uma voz rouca, uma voz livre e com muito sentimento. E uma voz captável por este fotógrafo, cujo nome desconheço, mas cujo mérito lhe reconheço.
A fotografia é muito simples a muitos aspectos, mas o seu conteúdo dá à foto a solidez de que ela necessita.
Em termos de composição, é, como disse, muito pouco complexa. Os únicos elementos que compõe a foto são Joplin, actuando num concerto ao ar livre, como tanto ela gostava, com a sua roupa simples, muita bijuteria de pechisbeque e o seu microfone. Nada de outros artifícios. Realidade pura captada.
Quanto ao enquadramento, está muito bem feito. Janis não está centrada, estando situada no lado esquerdo da foto, não encostada aos limites da mesma. A mão dela é o único elemento a encher o lado direito inferior da foto, já que o superior está vazio. Não consigo perceber até que ponto Janis foi cortada pela cintura, algo supostamente errado. Mas mesmo que o tenha sido, não resulta nada mal. Pelo menos a fotografia não faz com que pareça que ela só existe da cintura para cima.
Mas na fotografia em si, o que me fascina é o conteúdo. Poderia ser mais uma cantora a cantar. Mas não. É a imagem de uma artista que foi captada num momento tão precioso, que nele se denotam prazer e alegria de se fazer o que se gosta; entrega, algo que nem todos os artistas conseguem ter (embora muitos o saibam fingir, já que a entrega não é à arte em si, mas às notinhas daí provenientes); e, principalmente, liberdade. Até parece que Joplin vai levantar voo, que já nem a terra a prende.
Prazer, entrega, liberdade. Algo que se pode ver na foto, e que se pode ouvir na sua música.
…
Não sou do tempo do flower power e dos alucinogénios porreiros e do rebolanço na relva (embora às vezes eu o faça)… mas é uma época que me diz muito. E que teve um papel importantíssimo na história, na medida em que abriu mentes, retirou palas de olhos, e libertou a juventude. E uma juventude livre é do melhor que pode haver.
E é esta juventude livre, simbolizada pela figura de Janis Joplin cantando umas das suas canções que eu adorava ter na sala.
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