domingo, 25 de outubro de 2009

Fotografia 2 - Fontaine, Piazza San Pietro

Quando, para o trabalho desta semana, foi pedida à turma uma fotografia de acção, fiquei um pouco atónito (que nem sempre o cérebro que tenho funciona rápido), pensando "O que é que se quer quando se pede uma fotografia de acção?". Era esta a minha questão fundamental, sendo que pensando em acção, só me vinham à mente os filmes de acção que passam na SIC, aos Sábados à tarde, com carros a alta velocidade pelo meio. Falando um pouco mais a sério, a minha concepção mais imediata de acção numa fotografia não estava muito distante do que disse na linha anterior, uma vez que os temas que a expressão "fotografia de acção" me sugeriam eram o desporto e os veículos.

Assim parti na minha procura pelo google e pelos sites de fotografia amadora e profissional que conheço. Encontrei uma foto ou outra de surf que me chamaram à atenção, outras de fórmula 1...mas azar dos azares, não estava a encontrar uma foto de acção que me interessasse que tivesse apenas um mês. E foi aí que comecei a reflectir, chegando à conclusão (não sei se correcta ou não) de que qualquer foto cujo momento foi congelado é uma foto de acção. Ora, é uma acção que está a acontecer e está expressa na foto! Então alarguei os horizontes da minha procura para além do carros e desportistas. E como fascinado por pombos que sou, encontrei a seguinte foto que me chamou à atenção:




Confesso que não foi apenas o pombo que me levou a olhar para a foto. Foi mais o impacto geral que esta teve em mim. O título da foto é "Fontaine, Piazza San Pietro", de um autor denominado de Buffo, e encontrei-a no olhares.com.

Quando vi a foto, arrisquei que seria uma foto de acção (acção não convencional, é certo), com um pombo a voar, e gotas de água a cair, duas acções congeladas no tempo pelo fotógrafo, que se muniu da técnica de congelamento (precisamente aquela que nós, alunos de fotografia, tivémos de aplicar no outro trabalho desta semana) usando, para esse fim, a velocidade e a abertura.

Normalmente o olhares.com fornece as informações técnicas da foto, no entanto esta em particular não as possui exibidas (podem verificar em http://olhares.aeiou.pt/fontaine_piazza_san_pietro_foto3136879.html), sendo que os valores que proporei para a velocidade e abertura serão apenas aproximados, e não me parece que sejam o mais correctos, já que adivinhar estes valores ainda não é a minha especialidade. No entanto, posso arriscar meio destemidamente que para esta técnica de congelamento das gotas de água e do pombo, o fotógrafo usou uma grande velocidade, ou seja, a fotografia tem pouco tempo de exposição (talvez à volta dos 1/1000), de modo a não criar efeito de arrastamento, provocados pela acção do pombo e da água. Usou ainda uma grande abertura, de modo a poder captar o máximo de luz em tão pouco tempo de exposição, provavelmente um f.1.4, ou f.2 (acho!!!). A profundidade da fotografia não é muito grande, uma vez que apenas os "objectos" em primeiro plano estão totalmente focados, enquanto que o fundo da fotografia está desfocado (embora ainda se distinga o que existe nesse fundo), criando um efeito de bokeh na fotografia. Nota-se ainda que a fotografia foi editada, de modo a dar-se o textura metalizado que a fonte e a água possuem.

Quanto à fotografia em si, considero-a imponente. Pelo menos a mim deixa-me de olhos meio esbugalhados. Gosto particularmente do efeito da água a cair da fonte, e do efeito metalizado que a edição deu ao primeiro plano, e ao desfoque leve no fundo.

E é o facto de ser um tipo de imagem a que estamos tão acostumados no dia-a-dia (uma fonte no meio da cidade, e pombos à sua volta) que a torna tão especial, já que retrata algo comum, pelo menos para um frequentador assíduo do Rossio(esta praça italiana faz-me lembrar, de certo modo, Lisboa), de um modo tão épico.

Achei uma certa piada à presença do pombo na fotografia, tal como referi no início. No entanto, acho que este é o grande erro da fotografia. O facto da foto estar a preto e branco, e do pombo se localizar no "terreno" da fonte faz com que ele esteja relativamente camuflado, não lhe dando protagonismo quase nenhum, sendo o pombo um adereço da protagonista da foto, a fonte da Praça de São Pedro.

Concluíndo, acho a fotografia soberba, uma vez que, apesar de não transmitir grandes mensagens, como aquelas transmitidas por fotos de guerra, fome ou pessoas em sofrimento, transmite uma sensação de alegria de existirem, no mundo urbano, cenas de acção tão triviais, mas que podem ser transformadas, por um olhar diferente, como o de Buffo, em fotografias de uma magistralidade enormíssima. Um pombo, uma fonte, uma pessoa, um clip...uma qualquer acção...que importa! Todos podem ser uma obra de arte fotográfica.

domingo, 11 de outubro de 2009

Web Design 1 - M.I.A. "Kala"


O meu objecto de análise para esta semana, enquadrado no contexto do web design, é a capa do último álbum da cantora M.I.A., de seu nome "Kala" (2007). M.I.A. é uma cantora que se enquadra num estilo de música em expansão, denominado por alguns de "hip-hop terceiro mundista", afastando-se do hip-hop convencional, bebendo de influências da cultura indiana e de música electrónica. "Paper Planes", um dos singles do álbum da cantora britânica, foi nomeado, na cerimónia dos Grammy's, para melhor canção do ano, tendo conquistado o público e a crítica.

A mim conquistaram-me não só as músicas e letras de "Kala", como também a capa (que, ao que parece, foi concebida pela própria M.I.A.), que a um primeiro olhar mais geral me deixa algo desorientado, sem saber por onde começar.
Comecemos então pelas grandes letras a vermelho, que denunciam uma forte pixelização, relembrando-me o aspecto dos videojogos dos anos 80, dando um ar retro ao nome da cantora e ao título do álbum presentes na capa em questão.
Observemos agora, novamente, o aspecto geral da capa. A mim parece-me uma manta de retalhos formada por tecidos orientais de várias cores, comprados no Martim Moniz. Esta panóplia imensa de manchas coloridas, em particular as que surgem no último plano (aquelas azuis, brancas e roxas em jeito tigreza) remetem-me não só para a região tão intercultural de Lisboa atrás mencionada, como para os mercados e vestimentas da própria Índia. E se ao mesmo tempo que olham para esta capa, ouvirem a canção "Jimmy" de M.I.A., notam ainda mais a ligação à Ásia patente nesta trabalho de web design.
Outro dos aspectos que realço e elogio no trabalho que M.I.A. fez nesta capa é o facto de, apesar de toda a confusão mental e hipnotismo aluado que a capa nos possa causar, conseguimos distinguir as fotografias de M.I.A. (a do meio a sépia, as outras quatro a cores invertidas) e os títulos a vermelho, sendo que se destacam mesmo no meio dos pixeis e manchas que compõem a "parede" da capa.
E no meio disto tudo, à volta da fotografia principal, surge a expressão que resume o álbum (propositadamente repetida), "Fight on!".
Concluindo, na minha sincera e contestável opinião, penso que a capa faz juz ao álbum, considerado por muitos e por mim como um dos melhores CD's da década, sendo que este trabalho de web design, loucamente colorido, confuso, e apesar disto, organizado, reflecte um dos principais alvos de crítica de M.I.A. neste álbum, a sociedade louca, colorida, confusa e organizada do século XXI.